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  • Foto do escritorAntonio Neto

ARTIGO: Mais da metade das jornalistas mulheres já sofreram algum tipo de violência

Atualizado: 6 de jul. de 2022

Um relatório da Abraji mostrou ainda que 127 jornalistas e meios de comunicação foram alvos de ataques de gênero em 2021


O jornalismo na última década sofreu muitos ataques como censuras de descredibilização da imprensa, desinformação e muitos jornalistas foram vítimas de alguma violência, principalmente mulheres. Elas se tornaram os alvos cada vez mais constantes de ataques misóginos, repórteres mulheres enfrentam dificuldades de exercer plenamente a profissão no país, e essas agressões pioraram durante o governo de Jair Bolsonaro.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) monitora os ataques feitos contra a imprensa desde 2013 e divulga anualmente um relatório com esses dados como uma evidência do que vivemos nesses últimos anos. O último levantamento que em 2021 houve um total de 453 ataques atingindo jornalistas, meios de comunicação ou a imprensa em geral. O presidente Bolsonaro, sozinho, atacou a imprensa 89 vezes no último ano, o que representa 19,6% dos ataques. A cobertura de política é uma das que mais geram demonstrações de violência, especialmente contra jornalistas mulheres. Esse é um dos principais pontos de preocupação para 2022, da cobertura jornalística, ano de eleições presidenciais no país.

O relatório da Abraji mostrou ainda que 127 jornalistas e meios de comunicação, foram alvos de ataques de gênero em 2021, sendo que mulheres, cis e trans, representam 91% das vítimas. Em 95% dos casos os agressores eram homens.


(Foto/reprodução: Jornal Radar Amazônico)

Patrícia Campos Mello é um exemplo disso tudo. Em 2018, quando realizou uma reportagem sobre os disparos em massa contra o PT no WhatsApp financiados por empresários, sofreu inúmeros ataques, assédios e também ameaças de mortes. A jornalista já realizou inúmeras coberturas de guerra na Síria, Líbia, Iraque e Afeganistão e trabalhou com temas difíceis como estupro e agressões contra refugiados. Segundo ela “ser mulher agiu a meu favor. Acho que me ajudou a pelo menos tentar ter mais empatia e me pôr no lugar de todas essas pessoas que tentam sobreviver em circunstâncias muito difíceis”. Já no Brasil, ser mulher e jornalista as transformam em alvos constantes.

Desde que a reportagem foi publicada, Patrícia foi totalmente descredibilizada, chamada de muitos nomes e foi acusada de oferecer sexo em troca de informações.


O trabalho jornalístico feito por mulheres na maioria das vezes é alvo de ataque com base no seu gênero, os ataques são diários. Se uma notícia feita por uma jornalista não agrada seu leitor, recebe inúmeros xingamentos, mensagens de ódio, assédio e intimidação, esse é o preço que se paga por ser mulher e também por simplesmente fazer o seu trabalho?


As mulheres são 50% da população mundial. A preferência por atacá-las está diretamente associada a preconceitos ancestrais. Partes dos apoiadores de líderes populistas gosta de poder se libertar do politicamente correto e se deleitam com essa “licença” para dar voz a um machismo inserido na sociedade, que muitas vezes submete mulheres. Se a repórter não pode concluir uma entrevista porque é insultada e ameaçada, não é só a liberdade de imprensa que está sob ataque: é o próprio direito à informação, um pilar essencial das sociedades democráticas.

Jornalistas não são notícias. Queremos nos ater ao que realmente importa: fazer jornalismo. Críticas são sempre bem-vindas, mas dirigidas ao nosso trabalho, não ataques ou deboches sobre a sua aparência, sua família, nem tentativas de ataques a censuras ou atos de descredibilização. (Mello, Patrícia. A Máquina do Ódio)


A liberdade de imprensa está sob ameaça no Brasil, principalmente desde o início do governo de Jair Bolsonaro. É só olhar como o próprio presidente usa do seu poder para realizar ameaças e intimidações a jornalistas, isso é uma atitude incompatível vinda de um líder.

Bolsonaro não tolera críticas vindas de sua oposição, não apoia o jornalismo livre e o agride todos os dias. Não acredita na verdade. As ameaças vindas pelo presidente contra profissionais de imprensa de morte, assédio, perseguição seus familiares, desrespeito com uso de perfis fakes e descredibilização são práticas que deveriam tornar Jair Bolsonaro em criminoso.

Quando um governante mobiliza parte significativa da população para agredir jornalistas e veículos de comunicação, abala um dos pilares da democracia, a existência de uma imprensa livre e critica.

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